sexta-feira, 15 de julho de 2011

A longlife memory

A memória que guardas é apenas o espelho da tua incapacidade de esqueceres as feridas que guardas dentro de ti. A memória que te lembras não mais é do que aquele fogacho instantâneo de um olhar perdido, de um passo transviado, de um sorriso fugidio que deixaste escapar. A memória é aquela imagem opaca, meio desfocada, que apenas te mostra aquilo que queres, aquilo que pensas desejar, querer, alcançar, mas que não passa mais do que uma mera sombra perdida no horizonte.

A memória é aquele pôr-do-sol longínquo que vês num segundo, que corres sem fio nem pavio tentando vislumbrar aquele último raio de luz, mas o melhor que consegues guardar dentro de ti é aquela visão de penumbra de algo escondido por detrás daquela falésia. A memória é a fotografia que tiraste num momento de pura distracção, daquele momento que não deste a importância devida porque algo te distraía, algo que não mais era do que aquela brisa de vento que sentias naquela praia inesquecível e que te refrescava a cara.

A memória é aquela areia que tentas agarrar com a força de um mundo divino, mas que teimosamente se escapa por entre as frestas dos dedos, qual espírito animado por uma alma própria. A memória é aquele resquício do destino que na altura acreditavas e achavas que era eterno, até se tornar na mais pesada e na mais torturante das desilusões. A memória transformou-se naquela flor murcha que por detrás do seu aspecto fúnebre guarda dentro de si os anos aúreos da sua beleza principesca. A memória tornou-se, para ti, na prisão da tua própria demência, da tua loucura pelos momentos perdidos que te colocou numa solidão prisioneira. A memória é o labirinto interminável, o poço profundo da tua alma rasgada pelas memórias do sofrimento e dos sentimentos enganados e enganadores. A memória é a paixão assolapada que se tornou num desconforto contínuo, que escondia o teu conforto fútil de um sentimento desapaixonado a que te agarravas de forma pérfida.

A memória é o fio que liga à tua vida, a corda que liga aos escombros da profundeza do teu coração, onde ainda guardas a esperança. A esperança do que perdeste

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