sábado, 2 de julho de 2011

An endless tale

"Não, espera não vás, ainda não é a altura."

A sua voz trémula surgiu no ar recôndito e tranquilo daquelas quatro paredes, transpondo para o exterior a agrura da sua alma. Permanecia sentada na ponta da sua cama desfeita de forma anárquica, qual espelho do seu coração, lançando o seu corpo numa estranha posição de subalternização. O seu olhar fitava continuamente o soalho de madeira que os seus pés nus e delicados tocavam, uma superfície fria que era incapaz de acalmar os seus nervos. Dentro do seu corpo parcamente coberto por traços de seda, uma profusão de explosões dilaceravam o seu coração fragmentado por palavras, por actos, por pensamentos, por indecisões que a atormentavam dia após dia, num processo inconsolável de tortura constante e medieval. Sentia-se envolta num ambiente inóspito, selvagem e agreste à sua beleza intemporal, rosto e corpo de uma deusa inconstante de uma perfeição romântica aparte do mundo normal das almas ordinárias da sociedade contemporânea. Apenas conseguia sentir-se imóvel, sem reacções da flor da sua pele, apenas quebrado pelo movimento momentâneo dos seus finos e suaves lábios, proferindo uma das feridas que mais lhe ardiam dentro de si.

"Não, não vás, simplesmente não vás. Não é agora o momento, não é agora o tempo para quebrar a única linha que resta das nossas vidas. Não, não, não! Contraria o destino, contraria a fatalidade, contraria o conhecimento das maleitas que ambos sofremos à mão das nossas desventuras"

A sua mente desfiava pensamentos uns atrás dos outros, martelando-se a si própria por aquelas noites e aqueles dias passados à beira-mar, ou á beira-lago num movimento que parecia ser intemporal, no romantismo que encerrava a cada segundo que passava. Um baú de memórias perdidas num tempo que parecia ser para sempre, de resquícios de instantes passados a dois num contínuo viver de contemplativos momentos em que, naquele fogacho de tempo, apenas era ela, ele e um coração pesado e dominado por um sentimento libertário. Mas rapidamente substituído por esse feeling opressivo, torturante, ditadorial, que lambia as suas feridas alastrando-as para as entranhas do seu corpo e da sua alma ainda ingenuamente protegida das desilusões ainda desconhecidas. Por um fogacho mais instantâneo, um movimento parecia ter aparecido no mundo exterior incólume, mas no fundo apenas tinha sido uma brisa mais arrojada que tinha feito balançar a ponta do seu cabelo. Qual insegurança deste o primeiro dia em que ela colocou os olhos em cima dele, transposta para um viver diário em que o sobressalto interior era mais do que constante, mas rapidamente aplacado por aquilo que pensava sentir. Mas, naquele momento, tudo não passava apenas de um mero desespero de perda atroz. Por fim, ela levantou o seu olhar e apenas fitou o vazio do seu quarto, a sua solidão.

An endless tale of an endless love; a tale where destiny plays his part, a role of an old man walking through the vanished streets of an old town where the human souls are condemned. An endless tale of a young women, fragile in her existence and cheated by her heart.

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