sábado, 23 de julho de 2011

Someone Like You




I've heard that you're settled down
That you found a girl and you're married now
I've heard that your dreams came true
Guess she gave you things I didn't give to you

Old friend, why are you so shy?
Ain't like you to hold back or hide from the light
I hate to turn up out of the blue uninvited
But I couldn't stay away, I couldn't fight it

I had hoped you'd see my face
And that you'd be reminded
That for me it isn't over

[Chorus]
Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you two
Don't forget me, I bet I'll remember you say:
"Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead"

Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead, yeah

You'd know how the time flies
Only yesterday was the time of our lives
We were born and raised in a summer haze
Bound by the surprise of our glory days

I hate to turn up out of the blue uninvited
But I couldn't stay away, I couldn't fight
I had hoped you'd see my face
And that you'd be reminded
That for me it isn't over

[Chorus]

Nothing compares, no worries or cares
Regrets and mistakes, they're memories made
Who would have known how bitter-sweet
This would taste?

Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you
Don't forget me, I bet I'll remember you say:
"Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead"

[Chorus]

Sometimes it lasts in love, but sometimes it hurts instead, yeah

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Rolling in the deep




There's a fire starting in my heart
Reaching a fever pitch, it's bringing me out the dark
Finally I can see you crystal clear
Go head and sell me out and I'll lay your shit bare

See how I leave with every piece of you
Don't underestimate the things that I will do
There's a fire starting in my heart
Reaching a fever pitch
And it's bringing me out the dark

The scars of your love remind me of us
They keep me thinking that we almost had it all
The scars of your love they leave me breathless
I can't help feeling

We could've had it all
Rolling in the deep
You had my heart inside of your hand
And you played it
To the beat

Baby I have no story to be told
But I've heard one of you
And I'm gonna make your head burn
Think of me in the depths of your despair
Making a home down there
As mine sure won't be shared

The scars of your love remind me of us
They keep me thinking that we almost had it all
The scars of your love they leave me breathless
I can't help feeling

We could've had it all
Rolling in the deep
You had my heart inside of your hand
And you played it
To the beat

We could've had it all
Rolling in the deep
You had my heart inside of your hand
But you played it
With the beating

Throw your soul through every open door
Count your blessings to find what you look for
Turned my sorrow into treasured gold
You pay me back in kind and reap just what you sow
We could've had it all
We could've had it all
It all, it all it all,

We could've had it all
Rolling in the deep
You had my heart inside of your hand
And you played it
To the beat

We could've had it all
Rolling in the deep
You had my heart inside of your hand
But you played it
To the beat


terça-feira, 19 de julho de 2011

Hometown Glory




I've been walking in the same way as I did
Missing out the cracks in the pavement
And tutting my heel and strutting my feet

"Is there anything I can do for you dear? Is there
anyone I could call?"

"No and thank you, please Madam. I ain't lost, just
wandering"

Round my hometown
Memories are fresh
Round my hometown
Ooh the people I've met

Are the wonders of my world
Are the wonders of my world
Are the wonders of this world
Are the wonders of my world

I like it in the city when the air is so thick and opaque

I love to see everybody in short skirts, shorts and shades

I like it in the city when two worlds collide
You get the people and the government
Everybody taking different sides

Shows that we ain't gonna stand shit
Shows that we are united
Shows that we ain't gonna take it
Shows that we ain't gonna stand shit
Shows that we are united

Round my hometown
Memories are fresh
Round my hometown
Ooh the people I've met

Are the wonders of my world
Are the wonders of my world
Are the wonders of this world
Are the wonders of my world

The horrible truth

A noite avança imparável rumo ao seu destino final de esquecimento temporário, que os antigos já tão bem conheciam, sabendo o seu significado, perdido pelas agruras da evolução do tempo e desta sociedade execrável. O cansaço ganha o seu lugar inexorável, entorpecendo o corpo e o espírito. Apenas consegues respirar através de pequenos suspiros prolongados, sentindo o coração pesado e a mente envolta no profundo nevoeiro que te leva para sonhos distantes e pensamentos proibidos. Apenas te envolve a escuridão, cada vez mais profunda, cada vez mais opressora, onde apenas ganhas contacto com o ecrã vibrante e brilhante que tens à tua frente.

Sentes-te distante, sentes a tua mente a viajar para espaços longínquos e horizontes perdidos, por entre caminhos entorpecidos pela memória vaga de um qualquer pensamento mais complexo. Sentes o coração pesado, pesadíssimo, qual pedra efervescente que carrega dentro de si o peso do pensamento pecaminoso que te envolve a alma desde há dias e dias intermináveis na sua lembrança demasiado pesada. Não consegues pensar mais, não consegues reflectir mais, não consegues apanhar as potnas soltas das tuas agruras, das tuas dúvidas, dos teus anseios e dos teus desejos. Apenas desejas repouso, mas não o consegues ter.

Sentes uma impaciência cada vez mais forte a apoderar-se de ti, um torrente que cresce dentro de ti vinda de uma barragem já sem capacidade para aguentar o transbordo das tuas emoções. Gritas dentro de ti, um grito dilacerante, um uivo profundo, um sonoro desabafo do mais puro desespero sentimental e sofredor. Finalmente soltas o teu grito interior num movimento contínuo silencioso através de gestos e convulsões corporais constantes. Queres, desejas, anseias expulsar dentro de ti esta força opressora, esta tortura, esta prisão de sentimentos, de anseios, de dúvidas e de mais receios que te fecham dentro de uma cancela. Uma redoma que te faz entrar numa loucura interminável, na demência interminável romântica que te faz ficar pálido, que te faz querer arrancar com toda a força os pedaços da tua pele para deixares de sentires o teu coração a sangrar profusamente completamente esmagado pelas facas dilacerantes do amor mais teórico e profundo de todos.

Já não te consegues aguentar, sentes-te perdido, sentes-te destruído. Destruído pelas tuas próprias forças que esmagaram as tuas fraquezas, e, no final, ficaste reduzido a cinzas. Às cinzas da tua própria existência, às cinzas do teu próprio coração, aos últimos fogachos da tua alma, onde o teu espírito esgotado já não encontra a semente para a sua regeneração. Ela surgiu na tua vida, inesperadamente, inesperada nas questões e dilemas que te colocou e tu não foste capaz de os enfrentar. Culpado e condenado pela sua própria incapacidade de compreender o incompreensível, de perceber o imperceptível, de aguentar o insuportável, de prolongar o efémero. Condenado tu foste, para sempre perdido no teu mundo único de redoma, de onde não sairás tão cedo.

Why love has to be so complicated? Why love has to be so painful? Why love has to be this path of illusion and sorrow, when in the end the only thing that endures is the pain, the deepest pain of all. There is an answer for these questions? For so long i have been searching but i cannot find them... And the horrible truth remains a mystery...

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A longlife memory

A memória que guardas é apenas o espelho da tua incapacidade de esqueceres as feridas que guardas dentro de ti. A memória que te lembras não mais é do que aquele fogacho instantâneo de um olhar perdido, de um passo transviado, de um sorriso fugidio que deixaste escapar. A memória é aquela imagem opaca, meio desfocada, que apenas te mostra aquilo que queres, aquilo que pensas desejar, querer, alcançar, mas que não passa mais do que uma mera sombra perdida no horizonte.

A memória é aquele pôr-do-sol longínquo que vês num segundo, que corres sem fio nem pavio tentando vislumbrar aquele último raio de luz, mas o melhor que consegues guardar dentro de ti é aquela visão de penumbra de algo escondido por detrás daquela falésia. A memória é a fotografia que tiraste num momento de pura distracção, daquele momento que não deste a importância devida porque algo te distraía, algo que não mais era do que aquela brisa de vento que sentias naquela praia inesquecível e que te refrescava a cara.

A memória é aquela areia que tentas agarrar com a força de um mundo divino, mas que teimosamente se escapa por entre as frestas dos dedos, qual espírito animado por uma alma própria. A memória é aquele resquício do destino que na altura acreditavas e achavas que era eterno, até se tornar na mais pesada e na mais torturante das desilusões. A memória transformou-se naquela flor murcha que por detrás do seu aspecto fúnebre guarda dentro de si os anos aúreos da sua beleza principesca. A memória tornou-se, para ti, na prisão da tua própria demência, da tua loucura pelos momentos perdidos que te colocou numa solidão prisioneira. A memória é o labirinto interminável, o poço profundo da tua alma rasgada pelas memórias do sofrimento e dos sentimentos enganados e enganadores. A memória é a paixão assolapada que se tornou num desconforto contínuo, que escondia o teu conforto fútil de um sentimento desapaixonado a que te agarravas de forma pérfida.

A memória é o fio que liga à tua vida, a corda que liga aos escombros da profundeza do teu coração, onde ainda guardas a esperança. A esperança do que perdeste

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A dark road

A tortura é demasiado recente para a poderes aguentar, a ferida é demasiado profunda para poder sobreviver sem se conseguir alimentar das tuas próprias forças. Tentas continuamente evitar pensar nas agruras do teu destino, mas as forças que te escapam por entre as frestas dos teus dedos são sugados pelo buraco negro da tristeza divina. Tentas disfarçar a barragem de lágrimas que tenta sulcar o teu rosto, mas as chagas apenas são a mera lanterna que arrasta a dor para o exterior, num grito eterno que sucumbe ao sorriso mais sarcástico do destino. A tua vida mais não é do que uma bola que o destino acaracia nas suas mãos, docemente, enquanto desfia os novelos dos atalhos que teimas em tomar. Mas no fundo, o que ele apenas pretende é esticar ao máximo a corda da possibilidade da tua alma, esticá-la ao máximo até que finalmente possa partir e rir-se do teu próprio desastre.

A montanha é demasiado alta para ti, não consegues ver o seu cume, não consegues vislumbrar o fim para tanta ferida criada e alimentada pelo soro doentio do sentimento perdido. À tua volta ouves zombar a brisa gelada da nua e crua verdade, que fustiga a tua pele como mil facas afiadas que te tentam trazer à razão, à doce realidade do beijo roubado. O dia rapidamente desapareceu da tua face, o teu rosto tornou-se numa nuvem cinzenta e pesada carregando dentro de si o fardo intemporal. Estás rodeada da luz invisível da escuridão, rodeada pela tua própria redoma que te encerra dentro do labirinto interminável das tuas dúvidas penosas. Tentas estender o teu passo, mas apenas consegues captar o som das redes que te prendem às mãos do destino. Mais não és do que uma mera marioneta movida pelos caprichos de um destino sem piedade e sem coração. Porque o teu coração já não existe, o teu pujante coração tornou-se na mais negra das rochas, na mais dura das pedras, na mais insensível das flores.

Perdida tu estás, perdida no tempo eterno, perdida na batalha divina, perdida para sempre no teu vício doentio. Parar não é opção, cair é blasfemo, protestar é herege, continuar como uma sombra errante é a tua única solução platónica.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A breathless speach

A noite prolonga-se pelo tempo adentro e o exterior do teu ninho de protecção está agreste. Não consegues largar o teu pouso solitário, deitada como tu estás na tua cama de veludo que te mascara as feridas interiores da tua alma, tentando remendar na tua pele aquilo que o teu coração se mostra incapaz de reparar. Fazes um esforço para te levantares, mas não te sentes capaz de largar o ninho que tu própria criaste, a redoma que tu própria te esforçaste para erguer à tua volta, qual escudo que visava a tua protecção, mas que apenas te levou ainda mais para a queda acentuada. Qual anjo tu surgiste no mundo exterior, qual anjo enigmático caminhando no teu passo leve e despreocupado, num sorriso enternecedor e apaixonante, com um olhar expressivamente triste na sua imensidão sensual de um sussurrar eterno e divino.

Lá fora apenas consegues captar o som da chuva a bater furiosamente contra os vidros da tua janela, a última fronteira para o teu mundo interior. Ouves o vento, furioso, a fustigar o teu ninho apressadamente construído sobre bases efémeras de um amor condenado ao fracasso genuíno de uma casa construida sobre as falsas fundações de uma esperança catalisada pela utopia idealista. Viras as costas e fechas os olhos, sentindo aquela chuva e aquele vento a tentarem penetrar no poço infindável do teu sofrimento que se revela atroz na sua duração. Respiras fundo e decides enfrentar o impossível; levantas-te e aproximas-te da janela, lentamente, num passo de medo incontrolável. A receio levas a tua mão delicada a tocar delicadamente no vidro da janela, ouvindo com maior acuidade as balas de água que cada vez mais fustigam o teu mundo. E, lentamente, começas a sentir o frio do vidro a prolongar-se pelo teu corpo e, instintivamente, fechas os olhos.

A tua mente anda para trás a uma velocidade estonteante e começas a relembrar-te. Aquela droga platónica que invadiu o teu coração, a confirmação térrea da utopia idealizada naquelas tardes passadas com os pés a balançar na tua falésia preferida num pôr-do-sol para sempre inesquecível, ou naquelas noites mais escuras e silenciosas em que apenas ouvias o silêncio ensurdecedor dos teus pensamentos, com a banda sonora da maré ao fundo na batalha intemporal e divina contra a memória eterna da terra. Aquela droga alucinante que te encheu de felicidade, que te transportou para a dimensão palaciana e principesca do platónico, do inatingível pelas armas naturais do homem mais mundano e indiferente aos labirintos intermináveis do romantismo. Tudo para apenas sentires as feridas a abrirem-se como chagas quentes acordadas pelo ferro quente e abrasador da dor torturante do sonho desfeito e da esperança destruída por mil facas geladas do engano e da traição, cravadas profundamente nas profundezas mais negras do teu coração, destruindo-o lentamente e com um sorriso de satisfação diabólica. Para depois surgir a indiferença e o desprezo, qual língua afiada da traição mais sublime e do sofrimento mais subtil, cravando cada vez mais as feridas incuráveis no teu espírito, encarnando para sempre a tua alma como um corpo muribundo, arrastando-se qual vagabundo sem destino pela terra dos perdidos. Viste o teu amor platónico, pensas que o viste; mas o que na verdade viste foi o espelho da tua própria ingenuidade. Ingenuidade essa que te matou o coração por completo, esvaziando-o e agora, não passas apenas de uma mera sombra da grandeza que já foste.

domingo, 10 de julho de 2011

It was a meaningless talk

It was just a meaningless talk

Falas do destino como se fosse um mero conhecido, como se fosse um amigo de infância que pensas conhecer com todos os seus defeitos e todas as suas qualidades. Falas do destino como se ele fosse o caminho que todos os dias percorres em direcção ao teu presente diário e ao teu futuro escrito pelas mãos de algo mítico. Falas do destino como se fosse o teu colega de carteira, de quem tentas roubar conhecimentos já por si tirados de outra alma humana. Falas do destino como se fosse o teu melhor amigo, de quem tentas roubar um sorriso de condescendência quando voltas a cometer o mesmo erro de sempre, ou quando tentas reprimir um sermão mais frio quando provocas aquelas sensações mais gélidas de quem não aprende com o passado. Falas do destino como se fosse aquele teu familiar que tanto está perto como está longe, apenas aparecendo quando menos esperas, e desaparecendo quando mais esperas, para no fim ser a memória do que já era e do que nunca foi. Falas do destino como se ele fosse o teu marido ou a tua esposa, envolvido ou envolvida numa espiral de fidelidade jurada com palavras e actos fingindos, para enfim, relevar-se como a cortina que esconde o teatro que é todo o barulho e rodopio à volta daquele olhar trocado com a pessoa errada.

Mas o destino nada é isso, nada pode ser o que esperas ou o que pensas esperar, nem pode ser o que pensas saber ou o que julgas conhecer. O destino não passa da eterna questão às perguntas que não ousas colocar; não passa do eterno nevoeiro que esconde o horizonte do teu futuro, guiando-te através de luzes tépidas por ruelas e vielas que nunca antes trilhaste, para depois descobrires que tudo não passa de um jogo labiríntico onde tu és a personagem principal e a vítima principal. O destino não mais é do que os teus medos encerrados na tua Pandora's Box, fechados a sete chaves ou a sete cadeados longe da tua vida mundana diária, onde representas o teu papel de alma e espírito humano falsamente confortado pelo esquecimento relembrado todos os dias que ainda tens aquelas feridas dentro de ti. O destino não mais é do que a mão que passa docemente pela tua pele, acariciando-te nos momentos em que te tenta tirar os bons momentos, ou rindo-se nas tuas costas quando te vê nas agruras do tempo, onde enfrentas o buraco negro da solidão acompanhada pelas lágrimas que correm pelo teu rosto, incautas no seu percurso tranquilo.

O destino percorre-te nas veias e na mente, envenenando-te a cada pensamento mais ousado e mais falso, impedindo-te de buscares a verdade. Mas a verdade pode ser apenas o atalho que te vai levar a mais um abismo porque tu não queres saber a verdade, pensas que a queres conhecer, mas o teu medo é superior à tua racionalidade. O destino coloca-te perante o teu espelho para veres quem és, perguntares-te quem és, mas no momento seguinte coloca um lenço à frente da tua boca e impede-te de te responder, porque essa é a sua tortura favorita. Tu pensas que sabes, pensas que conheces, mas nem tudo será mais do que uma conversa errante, de ideias bacocas trocadas por um momento que parece eterno de cumplicidade terrena, mas que não mais é do que os deuses a brincarem com o teu idealismo e o teu platonismo que nunca conseguiste esconder, quando ele aparece à tua frente.

A noite avança, calma e silenciosa, no seu passo dançante, esvoaçando os folhos do seu vestido nocturno. O silêncio é absoluto, a ditadura da solidão é apenas o espelho do vazio sentimental. Os ponteiros do relógio avançam, sem nunca poderem voltar para trás e, tudo o resto, permanece igual, sempre igual.

It was just a meaningless talk

sábado, 9 de julho de 2011

A forgettable writing

A noite cai lentamente sobre o horizonte perdido pela esfera da abóbada celeste. A luminosidade é roubada por forças sobre-humanas e a luta divina trespassa silenciosamente cada alma perene. A espessa e densa cortina negra começa a cair pelas sombras inauditas da cidade perdida no seu silêncio aterrador de evolução descontrolada. As árvores espalham até ao limite as sombras das suas vidas intemporais, de antepassados esquecidos pelas cinzas das suas memórias, até nunca poderem mais espalhar a sua sabedoria incompreensível para o espírito humano.

O tempo passa inaudito, completamente imune àquelas peles descobertas sentindo o frio a penetrar pelos ossos congelando por completo aquelas almas penadas que mais nada têm na vida, do que a mera consolação da sociedade que os ignora a cada olhar desviado para o lado, após verem uma mão estendida à procura daquilo que o destino lhes negou. O tempo simplesmente desfia os seus laços irrepetíveis, moldando o destino inconsequente de destinos humanos moldados pelas críticas e pelos defeitos que deformam a normalidade do pensamento e do coração. O tempo, não mais do que isso, tão só é o cronómetro que dita, ditadorialmente, senhor absoluto das vidas, o momento em que tudo pára, e depois tudo recomeça

A noite instala-se definitivamente, a luz foi para sempre roubada durante aquelas horas pela escuridão das forças divinas. Aprisionada e impedida de revelar as vidas nocturnas, aquele passo mais expedito para esconder a fuga de um casamento destruído pelas palavras nunca ditas; aquele bafo de tabaco saído de uma boca feminina que espalha a sua beleza à procura do príncipe encantado que lhe ofereça a vida esperada através de uma carteira recheada; ou apenas aquele passo inesperado, de um corpo sensível, de uma alma serena, de uma beleza feminina que não é daquele mundo, deste mundo pérfido em que o amor é denegrido pela racionalidade bacoca daquilo que não pode ser racional: o romantismo do amor puro

terça-feira, 5 de julho de 2011

A stollen thought

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.

Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, banancides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.

Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".

Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. é uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra.

A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."

Texto de Miguel Esteves Cardoso in Expresso

domingo, 3 de julho de 2011

Um simples suspiro

O silêncio rodeia a alma mais penada, o deserto rodeia os sentimentos mais ténues, a negra floresta esconde dentro de si as agruras de um tempo antigo, tão antigo como a mais antiga das árvores, raquética nas suas lembranças e jovem no seu vigor.

Um simples suspiro, um simples relembrar da própria existência desconhecida de si próprio. Como o tempo que percorre os sentidos mais ingénuos e os pensamentos mais insanos, da realidade torpe de um destino amorfo.

Um simples bafo, um simples acordar do torpor sonolento que amacia os músculos e relaxa a mente. Estendida de forma lânguida, desfiando novelos de memórias vagas na sua inexpressividade dúbia, de um passado longínquo na sua proximidade oblíqua.

Um simples suspiro reunido em palavras sem sentido, anárquicas na sua gramática incompleta e no seu significado labiríntico. De três linhas conexas com um estilo côncavo sem um bom senso minimamente apreciável.

Oh hell, what a crap! Oh whisper of whispers, the big doubt relies on your lack of wisdom, such endless night where you rest your soul. Oh destiny, why things should be like this way, the dark deeds are upon you, oh endless knight of fate!

sábado, 2 de julho de 2011

An endless tale

"Não, espera não vás, ainda não é a altura."

A sua voz trémula surgiu no ar recôndito e tranquilo daquelas quatro paredes, transpondo para o exterior a agrura da sua alma. Permanecia sentada na ponta da sua cama desfeita de forma anárquica, qual espelho do seu coração, lançando o seu corpo numa estranha posição de subalternização. O seu olhar fitava continuamente o soalho de madeira que os seus pés nus e delicados tocavam, uma superfície fria que era incapaz de acalmar os seus nervos. Dentro do seu corpo parcamente coberto por traços de seda, uma profusão de explosões dilaceravam o seu coração fragmentado por palavras, por actos, por pensamentos, por indecisões que a atormentavam dia após dia, num processo inconsolável de tortura constante e medieval. Sentia-se envolta num ambiente inóspito, selvagem e agreste à sua beleza intemporal, rosto e corpo de uma deusa inconstante de uma perfeição romântica aparte do mundo normal das almas ordinárias da sociedade contemporânea. Apenas conseguia sentir-se imóvel, sem reacções da flor da sua pele, apenas quebrado pelo movimento momentâneo dos seus finos e suaves lábios, proferindo uma das feridas que mais lhe ardiam dentro de si.

"Não, não vás, simplesmente não vás. Não é agora o momento, não é agora o tempo para quebrar a única linha que resta das nossas vidas. Não, não, não! Contraria o destino, contraria a fatalidade, contraria o conhecimento das maleitas que ambos sofremos à mão das nossas desventuras"

A sua mente desfiava pensamentos uns atrás dos outros, martelando-se a si própria por aquelas noites e aqueles dias passados à beira-mar, ou á beira-lago num movimento que parecia ser intemporal, no romantismo que encerrava a cada segundo que passava. Um baú de memórias perdidas num tempo que parecia ser para sempre, de resquícios de instantes passados a dois num contínuo viver de contemplativos momentos em que, naquele fogacho de tempo, apenas era ela, ele e um coração pesado e dominado por um sentimento libertário. Mas rapidamente substituído por esse feeling opressivo, torturante, ditadorial, que lambia as suas feridas alastrando-as para as entranhas do seu corpo e da sua alma ainda ingenuamente protegida das desilusões ainda desconhecidas. Por um fogacho mais instantâneo, um movimento parecia ter aparecido no mundo exterior incólume, mas no fundo apenas tinha sido uma brisa mais arrojada que tinha feito balançar a ponta do seu cabelo. Qual insegurança deste o primeiro dia em que ela colocou os olhos em cima dele, transposta para um viver diário em que o sobressalto interior era mais do que constante, mas rapidamente aplacado por aquilo que pensava sentir. Mas, naquele momento, tudo não passava apenas de um mero desespero de perda atroz. Por fim, ela levantou o seu olhar e apenas fitou o vazio do seu quarto, a sua solidão.

An endless tale of an endless love; a tale where destiny plays his part, a role of an old man walking through the vanished streets of an old town where the human souls are condemned. An endless tale of a young women, fragile in her existence and cheated by her heart.

Um momento inoportuno

O tempo passa lânguido na sua esfera de intemporalidade, indiferente ao mundano quotidiano. Acompanhado pelo vento, seu irmão de erosão, seu companheiro de indiferença perante a insensatez da alma humana. Ambos desfiam os nós incompreensíveis do desconhecido, qual mistério escondido por uma capa de um preto profundo.

Soltas os teus leves passos pelo compartimento interior do teu espaço solitário caseiro, espalhando a tua graciosidade temporal às agruras do tempo. Sentes aquela brisa que invade as paredes que te envolvem, qual filho predilecto do vento eterno que tenta estender os seus tentáculos pela fina fresta da janela aberta.

Escondes para o mundo exterior o labirinto simples e desconexo dos teus pensamentos mais ligeiros e absolutos. Movimentas-te qual surto de ondas que fustiga a falésia das tuas dúvidas, moldando-a com as certezas que conquistas em pequenos momentos de frugalidade cerebral. Não tens descanso nesse teu mundo de uma insensatez perdida nos laços do destino.

O teu olhar contempla o que merece ser ignorado, os teus olhos fitam o que merece ser recordado no baú das memórias fúteis, os teus globos, pequenos, finos, compenetrados, observam as pequenas minudências que alertam o teu espírito para as infidelidades da vida, prolongadas numa dança silenciosa que se arrasta pelo tempo.

Escutas os monólogos silenciosos que aquela brisa fresca te traz, bailando com as cortinas da tua janela. Ouves o que os teus pensamentos detectam nos sons do teu mundo, analisando-os através de um espectro afunilado. Os teus ouvidos repararam na leveza dos argumentos que o destino te traz, sentindo-te incapaz de os contrariar e destruir num suave movimento de mãos.

Resumes-te à tua insignificância mundana das palavras ditas e dos pensamentos soltos, da tua existência inexistente para o destino de tantos espíritos... Para depois te aperceberes da beleza da perfeição imperfeita da tua existência, da tua pequenez única e bela, como uma flor desabrochada no meio da tristeza da rua parcamente iluminada.

A sleepless night

Ela aproximou-se tranquilamente da sua cadeira e, com um gesto de leveza feminina, balançou o seu vestido de gala e sentou-se delicadamente sobre a almofada cuidada. Respirou fundo e fechou os seus olhos castanhos, globos raros de expressão sublime e ligeira no meio daquela sociedade de opacidade oca e sem fios de nílon para desvendar. Por momentos sentiu-se aparte daquele ambiente de profunda festa, rodeada por um ar cabisbaixo de soturna contemplação por aquelas vidas soltas que caminhavam num passo flutuante por aquela sala oval e de tamanho contemplativo, tentando-se abstrair de um qualquer sentimento de repulsa interior por não estar a sentir a sensação normal de quem nasce e frequenta aquela amálgama de tradições ancestrais de anos, antes de décadas. Abriu os olhos e apenas conseguiu ver aquele chão irrepreensivelmente tratado, limpo de qualquer espécie de intémperie de sujidade que arrepiasse a mais conservadora das old ladies que passeavam os seus costumes bacocos, de uma hipocrisia escondida por detrás do seu fino sorriso sarcasticamente caustíco. Sentiu a sua mão a tremer, oprimida pelos seus próprios sentimentos contraditórios, e subiu-a lentamente pelo ar, até repousar na longa e interminável mesa de jantar. Atrás de si a música continuava o seu compasso festivo, indiferente às almas penadas que se arrastavam naquele espaço imenso, acompanhando aqueles espíritos mais tranquilos que usavam e abusavam dessa noite para se abstraírem dos problemas complexos que a vida mundana lhes sempre trazia, relembrando-lhes que a riqueza mais não é do que uma carteira cheia de futilidades. Agarrou no seu copo, estranhamente intocável, estranhamente solitário, qual par perfeito para o seu coração isolado da barafunda labiríntica da sua mente. Levou o líquido fresco e poderoso aos seus lábios e sentiu o alcoól a percorrer-lhe o interior do seu corpo.

"Oh, o que tu foste fazer?!", a sua mente não parava quieta rabuscando todo e qualquer flash de todo e qualquer instante inconcebível tomado por diante, depois de um momento inusitado de insensatez. "O que foste tu fazer, tão incauta e tão frágil da tua certeza?! Não vês que o perigo está à beira de uma palavra, de um olhar mais cúmplice, de um dedo involuntariamente tocado?! Oh santo destino, que mulher mais frágil tu foste escolher para atormentar nesta noite de lua cheia e de frescura interminável!". Todo e qualquer pensamento lhe floreava na mente, todo e qualquer lamento percorria a sua bela e original face como uma gota de suor invisível que sulcava o seu rosto, torturando-o e desfigurando-o à medida que a culpa estendia os seus tentáculos opressivos. Deixou a cabeça inclinar-se para o seu decote sensato mas ousado e fechou de novo os olhos, sentindo a respiração pesada, de tão pesada que parecia estar a ser esmagada por um sentimento de clausura infinita de um sofrimento atroz completamente descabido. Levantou a cabeça num movimento reflexo e abriu os olhos, fitando o copo agora menos cheio, mas ainda cheio o suficiente para não ter tido qualquer efeito. Fitou-o placidamente como se estivesse a fitar um mero lago sem ondas, onde o tempo não mostrava sinais de envelhecer nem de estabelecer a fronteira do permitido, do desconhecido. Suspirou uma última vez e levou o copo uma última vez aos lábios, bebendo de uma só golo todo o líquido que restava. Levantou-se, compôs o vestido e voltou para a festa.

Eis uma incauta passageira do tempo, do destino intemporal que desfia e desnivela qualquer alma mais fraca, de um viajante mais intrépido que se abre por completo às agruras do desconhecido. Eis Ela, incauta, perdida no seu próprio labirinto interminável; eis Ela, simplesmente, Ela no seu pequeno mundo, aparte da vida mundana.

Recomeço de uma nova vida blogosférica com um regresso ao passado

Em Roma sê Romano

"Ele despertou do seu torpor, com um violento bafo de areia na cara. Esfregou os olhos e recuperou os seus sentidos. O Coliseu estava cheio, sem um único lugar vazio, ao seu lado um velho romano assistia extasiado ao espectáculo que decorria. Os seus olhos estavam esbugalhados de extâse, as suas feições contorciam-se à velocidade das hormonas humanas mais selvagens, um sorriso lunático cravava-se a cada segundo. Em baixo na arena, dois gladiadores lutavam contra a morte, degladiavam pela glória popular sedenta de sangue. O Coliseu fervilhava num barulho constante, o público vibrava a cada golpe, urros uivavam por cada gota de sangue espalhada pela arena escaldante. Um cheiro a suor, fedor de morte, de sangue coalhado vivo, vermelho na arena, invadia a atmosfera. O lado selvático cresceu quando um dos gladiadores cortou uma das mãos ao outro. O velho que se sentava ao seu lado levantou-se de rompão, erguendo os braços num grito louco de extâse, onde se lia o prazer da morte personalizada. A mão do gladiador estava empapada em sangue, repousada no chão, o gladiador cambaleava em redor dum pântano vermelho. Sentado do seu lugar, ouviu o barulho da multidão crescer sonoramente, gritava-se pela morte, exigia-se sangue e fedor putrefacto. O gladiador sem mão ajoelhou-se sem forças e foi então que ele o viu, o Imperador, na sua impecável túnica branca, a levantar-se e a estender o braço. Após uma leve hesitação, o polegar baixou, a multidão silenciou-se, esperando. Algo brilhante viajou pela atmosfera e uma cabeça rolou. O culminar da tempestade popular atingiu o seu limite, uma enorme onda de raiva alegre e regozijada encheu-lhe os ouvidos, a morte era celebrada. Ao seu lado, no momento em que a cabeça rolou lá em baixo na arena, o velho rugiu de extâse, os seus olhos bebiam o sangue espalhado em gotas e poças, a língua passou demoradamente pelos lábios, saboreando. O ritual cumpria-se e ele sabia que não lhe podia escapar."