quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Some time ago

Sento-me num pequeno banco. À minha volta quadrados, rectângulos, formas geométricas numa moldura, em suma, quadros. Repouso, respiro fundo e olho. Rodeiam-me obras, pinceladas, tinta, luz, sombra, o génio de alguém. Observo e tento imaginar, descobrir, o porquê deles. Olho aquele sorriso, simpático mas misterioso, cativante também, os lábios carnudos desenhados ao pormenor cada contorno, cada imperfeição. Aquela musa, calma e silenciosa, olhar furtivo e azul, lendo a alma do observador, os seus meandros mais profundos. Aquela paisagem, a luz solar que entra, que ilumina cada rosto, cada alma humana imortalizada em tinta.

Sento-me num pequeno banco. À minha volta, vultos pairam nas telas, homens presos para sempre no génio de alguém. Personagens reais desenhadas, os seus movimentos captados, as suas ilusões, desgraças e felicidades. Estou sentado, os outros transeuntes passam mas não ficam. Porque não vêem? Porque não observam? Porque passam como se fossem um grupo de pedintes, aqueles quadros, um grupo de pedintes de quem se olha só de soslaio...

Sento-me num pequeno banco. À minha volta, arte me rodeia. Arte de quem? Não sei, a minha ignorância não me permite discernir. Mas sei que me sinto em casa a ser observado.
Fevereiro de 2008


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