terça-feira, 27 de setembro de 2011

An endless tale of an endless night

Carregas o simbolismo do mistério dentro de ti. A cada passo que tu dás, incauta, adensas o misticismo à volta do teu ser único que carrega dentro de si a divindade imperfeita dos seres mais mundanos desta sociedade torpe. A luz desliga-se, a única fonte de contacto com a realidade desaparece para sempre e ficas rodeada por toda a volta pelo negro da escuridão. Pela cortina espessa que impede a luz da sabedoria penetrar pelas densas florestas da tua ignorância, oh gotas da total incapacidade de conseguires discernir a miníma tendência de sobriedade na tua solidão inconsequente. O teu corpo não te responde, apenas sentes os teus pensamentos a voar como borboletas numa linda manhã de Primavera, procurando pelo seu porto de abrigo onde podem descansar as suas preocupações e inquietações de espírito. Mas não, não, recusas-te a encontrar o solitário labirinto das tuas promessas escondidas, promessas adiadas, desejos inauditos, esperanças vãs de uma tentativa pérfida de conseguir encontrar o inalcançável.

Respiras fundo, suspiras pelo descanso mas sentes-te presa dentro das amarras do destino. Sentes-te presa dentro da prisão que é a tua própria redoma. Abres a boca para expelir o grito mais profundo dos horrores da tua alma, mas o que apenas consegues é o silêncio sepulcral da tua incapacidade para entenderes o que é demasiado óbvio. O sofrimento que trespassa o teu coração assemelha-se a mil facas frias das gélidas águas do Atlântico Norte, arrebatando qualquer impulso de energia que o teu coração ainda guarde dentro das suas cavernas mais profundas. Tentas soltar o grito mais hediondo de revolta por teres sido demasiado ingénua, mas apenas sentes o soluçar da lágrima que se solta do canto do teu olho para gritar ela, sim gritar ela, numa voz silenciosa, muda, húmida no percurso escorreito que percorre pela tua face esculpida pelo escultor divino da beleza mais utópica. Mas que soçobrou perante o vício dos vícios dos homens corrompidos onde os valores são uma miragem e as confianças apenas a palmeira utópica no meio do deserto.

Sentes o corpo a tentar mexer, sentes os músculos a tentar reagir. Mas apenas és capaz de definhar perante a tua própria incapacidade de construíres os muros à volta da sensibilidade mais pura do teu coração mais puro. Transformado numa impureza onde a sujidade do engano apenas se sente cada vez mais profunda e escura. Escura como a noite que te rodeia, que te oprime, que te tortura no seu silêncio opressor, neste silêncio que te envolve nesta redoma onde os teus ouvidos captam o grito estridente do sofrimento mais atroz de sempre. Fechas os olhos para não sentires mais nada e de repente sentes uma calma inesperada. É a calma da morte sentimental, é a calma da última chama que morreu dentro do coração: é a chave para a travessia do teu próprio deserto, do vento escaldante que te irá fustigar enquanto caminhas, desprotegida, nua de espírito e alma, por entre as ruas do inferno sentimental. Procurando pela tua salvação, procurando por aquilo que dantes acreditaste ser possível mas que agora apenas é um castelo de cartas destruído à tua frente. Abres os olhos e apenas vês o nada, o nada da solidão, o nada da desilusão, uma mão cheia de nada, de um vazio constante. Agora sim, podes caminhar no teu deserto particular até, um dia, voltares a ver o mar e sentires a fresca brisa marítima da consolação do puro dos mais puros romantismos: aquele que sempre sonhaste e sempre te escapou, porque essa é a tua verdade e o teu destino.

Sem comentários:

Enviar um comentário